Lembro quando tinha 16 acho, algo por ai, onde sonhava em completar meu 18 anos. Afinal 18 é quando chega a tão sonhada maioridade para o homem. É o momento onde podemos “dirigir” não só nossa vida, mas também podemos guiar um carro. Podemos sair todas as noites e sorrir sem grandes compromissos. Sair sem um puto no bolso e ter uma ótima noite dando risada com bobagens que a noite gratuitamente oferece.
Quanta inocência. Hoje olhando pra trás e com o dobro da idade é saudoso olhar aquele tempo em que meus maiores problemas era o desejo em dirigir. Engraçado mesmo pois me dei conta agora que naquela época nem carro meu pai tinha. Era uma fase de desejo de uma promessa de maioridade que mais nos iludia do que propriamente representava nossa independência.
Por fim a maioridade chegou, nada de dirigir um carro, afinal não tinha um né 😉 porém a vida nos faz maior, mais maduro. Casamento, filho, trabalho, responsabilidades, tudo isso nos faz crescer e prosperar. Sempre me considerei um cara responsável, deixei de morar com meus pais ao final dos meus 17 anos. Na minha cabeça isso sempre me fez sentir um cara acima da média. Afinal deixar de morar com os pais aos 17 hoje em dia parece ser uma aberração. O normal nos dias atuais é abandonar a segurança do ninho lá pelos 28, 30 anos. Afinal quem tem água, comida, roupa lavada e a segurança além de alguém pra pagar o cartão crédito, não faz sentido nenhum deixar essa regalia.
Sempre gostei de observar as feições das pessoas em locais públicos, não sei de onde é esta origem, mas isso sempre me encantou. Acho que dai que vem minha obsessão por retratos nas fotografias. Porém, algo sempre me encucava, aquelas feição dos adultos, sempre sérios, ríspidos, de cara amarrada. Como dizia uma professora de história que tive “cara de gente mal amada”.
Aquilo sempre me encucava, o que poderia fazer com que aquelas pessoas ficassem tão sérias com o passar dos anos. Hoje finalmente eu compreendi. A vida é algo de difícil trato, quero dizer não a vida e sim, nós somos complicados. É fácil se perder nos desgostos do dia-a-dia, em pensar em tanto sofrimento diário, tantas complicações e problemas. Embora você possa olhar para o seu dia e constatar que uma coisinha de nada que está acabando com ele (não lidamos muito bem com problemas).
Seria tão bom olhar pro nosso dia e ao invés disso olhar quanta coisa boa aconteceu ao longo dele e por tanto sermos mais felizes. Olhar a nossa volta e ver tudo de bom que acontece. Hoje cá estou como tantos outros que observo ao longo do dia, pessoas rude e de cara amarrada. Hoje me dei conta que cheguei a maioridade. Hoje eu gostaria de voltar a ter 16, sem carro e sem grandes responsabilidades.